Hoje é dia de eleições para prefeitos em todo Brasil. “É a grande festa da democracia brasileira, amigo!”, diria Galvão Bueno. Diante de data tão especial, peguei-me pensando de forma mais crítica acerca do espaço ao nosso redor – ao meu redor, pelo menos – e percebi que nossos governantes acham que vivemos em um desenho animado. Estilo Looney Tunes.
Sempre gostei do lado metafísico dos desenhos animados. O impossível. O surreal. Tipo quando o Coiote pinta um túnel no morro pra enganar o Papa-Léguas, mas é o pássaro que engana a realidade. Ele atravessa o túnel, o filho-da-puta. E o Coiote, se tentar segui-lo, cai na própria armadilha. Dá com a cara no morro. Ou é atropelado por um trem mais metafísico ainda. No Rio, tem tempo que já usam essas táticas com a população.
Na frente do meu trabalho, por exemplo, passa o metrô. Pelo menos é o que está escrito no pequeno ônibus prateado que, querem me convencer, é metrô. Ele nem pára no ponto de ônibus em frente ao shopping. Lógico que não. Ele não é ônibus, é metrô. Tá escrito lá, caramba.
Você pode argumentar que é econômico, por conta da integração. Bacana, mas chama de integração, não de metrô. Metrô é outra coisa. Ele ajuda a solucionar problemas de trânsito, transporte, poluição. Problemas criados por ônibus em excesso. Não adianta pintar de cinza e chamar de metrô. Na vida real, o Papa-Léguas não passa direto.